Idealmente, devemos ter o maior número possível de pessoas letradas – e encorajadas – a participar na formação destas novas visões, narrativas e atividades. Esta seria a situação ideal para as sociedades liberais e para a renovação democrática. Quando há uma correspondência entre a narrativa dominante e as experiências cotidianas das pessoas, é difícil mudar as coisas. Mas o status quo torna-se instável quando a narrativa dominante já não oferece respostas convincentes aos problemas da sociedade. Primeiro, a ideia de que podemos dissociar o crescimento económico dos danos ambientais em termos absolutos. A redução dos impostos para os ricos não os encoraja a investir na economia produtiva, a menos que pensem que podem lucrar com isso, e atualmente as suas prioridades residem na procura de rendas e na especulação.
Sem entender o contexto histórico, é fácil cair em estereótipos e preconceitos, além de tomar decisões equivocadas. Por exemplo, sem entender a história do Oriente Médio, é difícil compreender as tensões políticas na região e tomar decisões diplomáticas adequadas. Por exemplo, o racismo, a desigualdade social e a discriminação de gênero têm suas origens em eventos históricos como a escravidão, a colonização e o patriarcado.
História
Esses dualismos foram reforçados pela Igreja católica e se manifestaram na educação com intenção de educar o espírito. Essa forma metafísica de pensar e apreender a realidade, que buscava a unidade no todo e negava a multiplicidade, influenciou a educação e o fazer científico. O movimento decolonial aponta, em diferentes áreas do conhecimento, a influência da colonialidade do saber na ciência e no modo como compreendemos o mundo e a nós mesmos, seguindo as narrativas e cosmovisões dos colonizadores (Ballestrin, 2013; Quijano, 1992), consideradas verdades universais.
Tipos de aprendizagem
Diante do pluralismo ontológico presente no Sul global, Ludwig et al. (2024) apontam a identificação da agência dessas ontologias como caminho para modos alternativos e sustentáveis de habitar a Terra. O diálogo é importante nos encontros interculturais, pois eles desafiam a lógica hegemônica colonial do norte global. Nessa dança de ideias é possível pensar na indissociabilidade entre conhecimento e vida e nos processos de ensino-aprendizagem para além dos humanos, multiespécie.
Elaborar pensamentos autônomos e críticos e formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida. Incitar comprar graduação a criatividade e elevar o crescimento de conhecimentos, além de ter em mente um sentido ético e estético perante a sociedade. Ao longo de sua obra, Freire abordou frequentemente a questão da opressão e como a alfabetização pode ser uma forma de combate a ela. Na visão freiriana, os indivíduos que têm acesso ao conhecimento são capazes de reconhecer e resistir às injustiças sociais. Ele enfatizava a importância de um ensino que promova a reflexão crítica sobre a realidade e que leve os alunos a encontrar suas próprias vozes. A alfabetização, para Paulo Freire, vai além do simples ato de aprender a ler e escrever.
A diversidade de personalidades é o que gera a inovação dentro da sociedade e a prática pedagógica deve prever a formação contínua, levando em conta os quatro pilares; Cabe ao professor criar a alegria do pensar. Provocar a curiosidade, desenvolver habilidades, construir valores e atitudes através de uma aprendizagem significativa de importância construtiva e social, não somente um acumulado de informações, mas sim de conhecimento. O medo é a base das relações de dominação (hooks, 2021) e da sua manutenção, promove o distanciamento do diferente, a insegurança, a separação e o desejo de não ser conhecido. Há uma dimensão pedagógica no medo que nos provoca a pensar na formação de professores, pois somos ensinadas a ver o diferente como ameaça e de sentir segurança na semelhança (hooks, 2021).
Aprender a aprender na BNCC
Assim, propõem “um modo de operar em termos do conhecimento que, longe de nos distanciar do ambiente, por um processo de objetivação do real, nos conduz a um engajamento e a uma imersão no mundo imediato e material da experiência” (Steil & Carvalho, 2014, p. 174). Esse posicionamento ético nos ajuda a complexificar a visão de humano e pensar conexões entre conhecimento, felicidade e tempo. Se o conhecimento de si passa pela interação entre força vital, coração, força divina, sombra e identidade, percebemos que há uma dimensão ontológica no conhecer que vai além da razão, pois esses elementos são subjetivos. Há também um modo de compreender o humano que inclui a dimensão espiritual e isso nos provoca a pensar que os posicionamentos éticos podem transcender a dimensão física, e envolver as emoções e a espiritualidade. Assim, pensar em como nos relacionamos com nós mesmos é fundamental para a construção de relações sujeito-sujeito na construção do conhecimento e para a libertação da nossa subjetividade dominada/estruturada pelos valores da colonialidade-modernidade (Arias, 2010). O presente trabalho é um estudo teórico que responde à chamada do número especial da revista ao aprofundar perspectivas de “outras” educações à educação científica afetada por emergências globais.
Para Gramsci, eram as narrativas que explicam porque é que as coisas são como são, que servem como cola cultural, estruturando o discurso público e legitimando diferentes papéis na sociedade. O segundo aspeto é a forma como concebemos a cultura como um quadro de ação e experiência. Valores comuns compartilhados que nos ajudam a definir o que consideramos ser um comportamento aceitável ou inaceitável são fundamentais para qualquer sociedade que queira evitar demasiada vigilância e controlo. Estes valores são a base de qualquer contrato social e manifestam-se em sistemas jurídicos. A primeira era convencional, que colocava os alunos sob muita pressão e encorajava a competição entre alunos através de notas e julgamento. Os alunos eram repreendidos em frente a toda a turma, acrescentando vergonha e orgulho à mistura.
– Propor um cartaz informativo sobre a importância da diversidade nas representações cartográficas para afixar na sala. Promover a compreensão crítica do uso dos mapas como ferramentas de representação da realidade, levando em consideração as diferentes visões de mundo que eles podem transmitir e influenciar. A ciência é produtora de cosmologias (p. 173), um sistema de produção de organização e classificação do mundo, situado também no campo da imaginação, que não é o único. Essa fratura à alteridade e a constituição de sujeitos que só consideram e valorizam seus semelhantes, gerada pela hegemonia da razão, blinda a dimensão sensível, faz com que não reconheçamos no outro a possibilidade de existir/sentir como nós, tornando o outro um objeto.
Essa aprendizagem não se refere apenas à memorização de informações ou à repetição de comportamentos, mas também à reflexão sobre os conteúdos aprendidos, sobre o próprio fato de aprender e sobre a experiência de existir em suas diversas e complicadas facetas. Pelo verbo aprender entende-se, dito simplesmente, adquirir ou incorporar novos conhecimentos , habilidades , habilidades , valores ou comportamentos , seja o resultado da experiência vivida, seja também de estudo e instrução. É uma das capacidades mentais mais importantes do ser humano , que lhe permite adaptar o seu comportamento às mais diversas situações que se apresentam, resolvendo com sucesso os inconvenientes que possam surgir. Além disso, pode-se propor a utilização de ferramentas digitais de mapeamento, onde os alunos podem explorar e criar suas próprias representações cartográficas em plataformas interativas. Essa experiência prática pode ser enriquecedora, proporcionado às crianças a oportunidade de experimentarem como os dados podem ser visualizados de modos diferentes, dependendo da intenção e do público-alvo. Utilizar a tecnologia não só engaja os alunos, mas também os prepara para um mundo onde a visualização de dados e informações geográficas é crucial.
Na educação há uma ampla discussão sobre a relação sujeito-objeto na construção de conhecimento e na aprendizagem. Isso influencia a relação educando-educador e os modos de ensino-aprendizagem (Freire, 2014), e a relação entre humanos-natureza (Leff, 2002). Para Masson (2022), a pesquisa em educação é orientada por diferentes posicionamentos epistemológicos e ontológicos, e perspectivas filosóficas (positivismo, empirismo, materialismo, racionalismo etc.). Esse modo é positivista e fragmentado, se tornou hegemônico, um saber-poder que disciplinou a vida e tem dificultado a percepção das interrelações presentes na vida humana e não humana. Nesse processo científico moderno houve a construção de uma ideia de domínio e controle dos fenômenos naturais; a criação de objetos de estudo; a objetificação da natureza; a mecanização do mundo para possibilitar o seu conhecimento e a desvalorização da dimensão subjetiva.
Através desses recursos, é possível ampliar o conhecimento sobre a diversidade cultural, ambiental e social do mundo e compreender melhor as interações entre os diferentes países e continentes. Ela nos permite entender o mundo em que vivemos de forma mais profunda, além de nos ajudar a desenvolver habilidades analíticas e críticas. Sem uma educação histórica adequada, é difícil compreender os problemas contemporâneos e tomar decisões informadas. Nesse movimento propomos um encontro de ritmos para incluir três posicionamentos éticos não presentes nas discussões da ética ambiental, que consideramos importantes para os giros epistemológicos, éticos e ontológicos que estamos propondo neste trabalho. Se estamos pensando com quem aprendemos e produzimos conhecimento é importante reconhecer quem são sujeitos morais que serão considerados e valorizados nessas práticas, sendo que nós sempre seremos um desses sujeitos e isso demanda então um giro em nós mesmas. No campo da educação em ciências vimos em levantamento bibliográfico que essas discussões relacionadas à ética ambiental, mesmo oriundas das ciências naturais, ainda são escassas.